Se
você ama música e está antenado nas redes sociais, sabe que o K-Pop é um
verdadeiro fenômeno mundial. Com a força da internet, grupos como BTS, BLACKPINK,
EXO, Twice, NCT e mais dezenas de artistas tomaram conta
das plataformas de streaming e elevaram o gênero musical para um dos mais
consumidos em todo o mundo.
A história do K-Pop começou ainda no
final da década de 1980, quando os sul-coreanos consumiam o entretenimento
europeu e estadunidense e um movimento que valorizava a cultura local passou a
ganhar força. Com um forte investimento do governo da Coreia do Sul na
exportação de música, filmes, série e gastronomia local, o início da Onda
Coreana, também chamada de Hallyu, teve um forte impacto inicial no
Japão, China e Sudeste da Ásia.
Um dos marcos na história da cultura e da música sul-coreana foi a apresentação do grupo de hip-hop Seo Taiji & Boys em um canal de televisão em 1992. A gigantesca popularidade dos Seo Taiji & Boys nos anos seguintes, até seu auge em 1996, foi incentivo para o governo remodelar a cultura sul-coreana. Poucos anos depois, a música começou a ser tratada como um commodity e leis de incentivo foram aprovadas na Coreia, levando um investimento poderoso para a área.
Taiji & Boys Imagem: habkorea.net |
Com a explosão do k-pop no leste asiático nos
anos 1990, três empresas foram responsáveis por suprir a demanda do público na
época: SM Entertainment, YG Entertainment e JYP Entertainment.
O número de grupos e de empresas que agenciam cantores e dançarinos aumentou,
assim como a popularidade da cultura sul-coreana no mundo.
O K-Pop pode ser dividido em gerações, que levam em consideração os anos em que os grupos foram lançados pelas empresas. Ao lado de Taiji & Boys, que integram a primeira geração, estão também H.O.T e g.o.d. A segunda geração é representada pelo ressurgimento de grupos em meados de 2003, após um declínio na popularidade do K-Pop, como TVXQ, BoA, SS501, Super Junior, Wonder Girls, Girls Generation, SHINEee.
Girls Generation Imagem: nme.com |
A terceira geração, definida por volta de 2011,
com o sucesso mundial de Gangnam Style de Psy, é
atualmente representada por BTS, EXO, Twice, Red Velvet,
SEVENTEEN, entre outros grupos. Já a quarta geração engloba artistas
como TXT, ITZY, Stray Kids, ATEEZ e LOONA.
A principal diferença entre as fases do
K-Pop é a propagação em tempo real graças à internet. O acesso quase que
universal aos serviços na web, a interconectividade e desenvolvimento de uma
grande variedade de dispositivos móveis é - junto com o rápido crescimento de
mídias sociais como YouTube, Facebook e Twitter - traz transformações
inovadoras na forma em que os produtos culturais são apresentados, consumidos e
distribuídos, além de ter novas maneiras de mensuração de alcance e métricas.
"É de conhecimento popular que o K-pop
conquistou fãs de diversos países ao longo dos anos. Essa popularidade
contribuiu para que mais pessoas se interessassem e passassem a conhecer a cultura
coreana em seus diversos níveis, desde comida até costumes. Ao mesmo tempo,
ele proporcionou que as pessoas se desvinculassem de visões pouco
correspondentes a real Coreia", explica o diretor Wankuk Kim, do Centro Cultural Coreano no Brasil,
localizado em São Paulo.
"Depois da explosão do K-Pop mundo afora, há uma visão extremamente positiva e humana do país espalhada mundialmente, o que permite que mais pessoas apreciem a Coreia, desejem visitá-la e desfrutem da cultura coreana, que é uma mistura do tradicional com o moderno. Claro que existem outros pontos que podem ser citados, mas essa questão do K-Pop levar aos seus fãs mais sobre a Coreia tal como ela é e permitir que eles a compreendam como uma mistura do moderno e do contemporâneo, tão rica e complexa, é com certeza um dos principais pontos de ressignificação da cultura", acrescenta ele.
BTS Imagem: wikipedia.org |
K-POP NO BRASIL
No início da década, de 2008 até 2012, as redes
sociais, como Orkut, Twitter e YouTube, foram essenciais para os fãs
brasileiros chamarem a atenção de empresas que agenciavam os grupos de K-Pop.
Com o boom do gênero fora da Ásia, as agências e gravadoras perceberam o
mercado em potencial na América do Norte, Europa e América Latina.
Mesmo com a popularidade dos grupos no Brasil,
com grandes comunidades nas redes sociais, os primeiros grupos só vieram ao país
a partir de 2011. Em dezembro daquele ano, a Cube Entertainment trouxe
seus artistas da época, como B2ST, 4Minute e G.NA, para
uma turnê especial no Brasil. A apresentação virou reportagem no programa
Fantástico, da Globo. Dois anos depois, em 2013, PSY trazia Gangam
Style para o Carnaval de Salvador, quando se apresentou ao lado de
Claudia Leitte em um trio elétrico.
Outro exemplo da importância do Brasil para a
cultura sul-coreano é o Music
Bank, programa musical tradicional do país, que fez uma
turnê mundial e o Rio de Janeiro foi incluído na lista de cidades visitadas.
Desde julho de 2011, o Music Bank World Tour teve edições na
Ásia, Europa e América Latina, com um público estimado em mais de 180 mil
pessoas.
A estimativa do Centro Cultural é de que
existam entre 200 mil a 400 mil fãs do gênero no Brasil. "O K-Pop começou
a expandir no mundo a partir de 2004 e acreditamos que começou a conquistar fãs
no Brasil a partir de 2007. O Centro Cultural Coreano no Brasil foi inaugurado
em 2013 e sempre oferecemos aulas de canto e dança de K-pop. A demanda
sempre foi grande e, até a chegada da pandemia, havia muitos alunos desejando
participar dos cursos oferecidos. Hoje estamos realizando aulas em nosso canal
do YouTube e a quantidade de visualizações é significante; através dela, nós
conseguimos perceber que o K-Pop no Brasil é muito relevante e atrai
muitas pessoas", afirma Kim.
Desde sua explosão, em 2013, inúmeros grupos
passaram pelo Brasil: BTS SuperJunior, Dreamcatcher, Monsta X,
KARD, SF9, Momoland, MAMAMOO Oh my Girl, VAV,
PENTAGON e Spectrum são alguns que já agitaram uma legião de fãs no país e
lotaram casas de shows e estádios em todo o Brasil;
De acordo com dados do Spotify à Quem, desde
2014, quando a primeira playlist de K-Pop foi lançada na plataforma, o
consumo do gênero já aumentou mais de 2.000%. Os cinco artistas mais escutados
são BTS, BLACKPINK, TWICE, EXO e Red Velvet – grupos que
se consolidaram no mundo da música como alguns dos mais importantes. Segundo
dados divulgados em 2020, o Brasil é o quinto país que mais consome K-pop entre
os 92 países atendidos pelo aplicativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário