quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O que é K-Pop: a história do gênero que mudou a indústria da música

Com a força da internet, grupos como BTS, BLACKPINK, EXO, Twice, NCT e mais dezenas de artistas tomaram conta das plataformas de streaming e elevaram o gênero musical para um dos mais consumidos em todo o mundo


Rafaelle Gomes
Fonte: revistaquem.globo.com
Em: 31/05/21


Se você ama música e está antenado nas redes sociais, sabe que o K-Pop é um verdadeiro fenômeno mundial. Com a força da internet, grupos como BTS, BLACKPINK, EXO, Twice, NCT e mais dezenas de artistas tomaram conta das plataformas de streaming e elevaram o gênero musical para um dos mais consumidos em todo o mundo. 

A história do K-Pop começou ainda no final da década de 1980, quando os sul-coreanos consumiam o entretenimento europeu e estadunidense e um movimento que valorizava a cultura local passou a ganhar força. Com um forte investimento do governo da Coreia do Sul na exportação de música, filmes, série e gastronomia local, o início da Onda Coreana, também chamada de Hallyu, teve um forte impacto inicial no Japão, China e Sudeste da Ásia.

Um dos marcos na história da cultura e da música sul-coreana foi a apresentação do grupo de hip-hop Seo Taiji & Boys em um canal de televisão em 1992. A gigantesca popularidade dos Seo Taiji & Boys nos anos seguintes, até seu auge em 1996, foi incentivo para o governo remodelar a cultura sul-coreana. Poucos anos depois, a música começou a ser tratada como um commodity e leis de incentivo foram aprovadas na Coreia, levando um investimento poderoso para a área.


Taiji & Boys
Imagem: habkorea.net

Com a explosão do k-pop no leste asiático nos anos 1990, três empresas foram responsáveis por suprir a demanda do público na época: SM Entertainment, YG Entertainment e JYP Entertainment. O número de grupos e de empresas que agenciam cantores e dançarinos aumentou, assim como a popularidade da cultura sul-coreana no mundo.

O K-Pop pode ser dividido em gerações, que levam em consideração os anos em que os grupos foram lançados pelas empresas. Ao lado de Taiji & Boys, que integram a primeira geração, estão também H.O.T g.o.d. A segunda geração é representada pelo ressurgimento de grupos em meados de 2003, após um declínio na popularidade do K-Pop, como TVXQ, BoA, SS501, Super Junior, Wonder Girls, Girls Generation, SHINEee.

Girls Generation
Imagem: nme.com

A terceira geração, definida por volta de 2011, com o sucesso mundial de Gangnam Style de Psy, é atualmente representada por BTS, EXO, Twice, Red Velvet, SEVENTEEN, entre outros grupos. Já a quarta geração engloba artistas como TXT, ITZY, Stray Kids, ATEEZ e LOONA.

A principal diferença entre as fases do K-Pop é a propagação em tempo real graças à internet. O acesso quase que universal aos serviços na web, a interconectividade e desenvolvimento de uma grande variedade de dispositivos móveis é - junto com o rápido crescimento de mídias sociais como YouTube, Facebook e Twitter - traz transformações inovadoras na forma em que os produtos culturais são apresentados, consumidos e distribuídos, além de ter novas maneiras de mensuração de alcance e métricas.

"É de conhecimento popular que o K-pop conquistou fãs de diversos países ao longo dos anos. Essa popularidade contribuiu para que mais pessoas se interessassem e passassem a conhecer a cultura coreana em seus diversos níveis, desde comida até costumes. Ao mesmo tempo, ele proporcionou que as pessoas se desvinculassem de visões pouco correspondentes a real Coreia", explica o diretor Wankuk Kim, do Centro Cultural Coreano no Brasil, localizado em São Paulo.

"Depois da explosão do K-Pop mundo afora, há uma visão extremamente positiva e humana do país espalhada mundialmente, o que permite que mais pessoas apreciem a Coreia, desejem visitá-la e desfrutem da cultura coreana, que é uma mistura do tradicional com o moderno. Claro que existem outros pontos que podem ser citados, mas essa questão do K-Pop levar aos seus fãs mais sobre a Coreia tal como ela é e permitir que eles a compreendam como uma mistura do moderno e do contemporâneo, tão rica e complexa, é com certeza um dos principais pontos de ressignificação da cultura", acrescenta ele.

BTS
Imagem: wikipedia.org

K-POP NO BRASIL

No início da década, de 2008 até 2012, as redes sociais, como Orkut, Twitter e YouTube, foram essenciais para os fãs brasileiros chamarem a atenção de empresas que agenciavam os grupos de K-Pop. Com o boom do gênero fora da Ásia, as agências e gravadoras perceberam o mercado em potencial na América do Norte, Europa e América Latina.

Mesmo com a popularidade dos grupos no Brasil, com grandes comunidades nas redes sociais, os primeiros grupos só vieram ao país a partir de 2011. Em dezembro daquele ano, a Cube Entertainment trouxe seus artistas da época, como B2ST, 4Minute e G.NA, para uma turnê especial no Brasil. A apresentação virou reportagem no programa Fantástico, da Globo. Dois anos depois, em 2013, PSY trazia Gangam Style para o Carnaval de Salvador, quando se apresentou ao lado de Claudia Leitte em um trio elétrico.

Outro exemplo da importância do Brasil para a cultura sul-coreano é o Music Bank, programa musical tradicional do país, que fez uma turnê mundial e o Rio de Janeiro foi incluído na lista de cidades visitadas. Desde julho de 2011, o Music Bank World Tour teve edições na Ásia, Europa e América Latina, com um público estimado em mais de 180 mil pessoas.

A estimativa do Centro Cultural é de que existam entre 200 mil a 400 mil fãs do gênero no Brasil. "O K-Pop começou a expandir no mundo a partir de 2004 e acreditamos que começou a conquistar fãs no Brasil a partir de 2007. O Centro Cultural Coreano no Brasil foi inaugurado em 2013 e sempre oferecemos aulas de canto e dança de K-pop. A demanda sempre foi grande e, até a chegada da pandemia, havia muitos alunos desejando participar dos cursos oferecidos. Hoje estamos realizando aulas em nosso canal do YouTube e a quantidade de visualizações é significante; através dela, nós conseguimos perceber que o K-Pop no Brasil é muito relevante e atrai muitas pessoas", afirma Kim.

Desde sua explosão, em 2013, inúmeros grupos passaram pelo Brasil: BTS SuperJunior, Dreamcatcher, Monsta X, KARD, SF9, Momoland, MAMAMOO Oh my Girl, VAV, PENTAGON e Spectrum são alguns que já agitaram uma legião de fãs no país e lotaram casas de shows e estádios em todo o Brasil;

De acordo com dados do Spotify à Quem, desde 2014, quando a primeira playlist de K-Pop foi lançada na plataforma, o consumo do gênero já aumentou mais de 2.000%. Os cinco artistas mais escutados são BTS, BLACKPINK, TWICE, EXORed Velvet – grupos que se consolidaram no mundo da música como alguns dos mais importantes. Segundo dados divulgados em 2020, o Brasil é o quinto país que mais consome K-pop entre os 92 países atendidos pelo aplicativo.

 

SERVIÇO – CENTRO CULTURAL COREANO NO BRASIL
Para informações sobre aulas, biblioteca exposições e outros – (11) 2893-1098
Endereço: Avenida Paulista, 460, Bela Vista, São Paulo/SP

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